domingo, 28 de setembro de 2014

Rua Vazia

Na rua vazia, um homem
sempre encontrava portas
 fechadas e rostos escondidos
 atrás das vidraças.

Seu corpo esquálido
 despertava os olhos
 da senhora nua.

O homem passava..

o passo lento,
o gesto largo
abraçava o vazio.

 Tiros alcançaram
o muro dos quintais.
A cidade despertou
antes da missa.

- Assalto,
assassinato
 ou suicídio?

Num dia mais claro,
 pessoas apressadas,
 enterraram o homem
da rua vazia.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Ruas de Abril

Nas ruas de abril
o medo e a sombra
brincaram de roda.

Nas janelas e portas
rasgaram segredos
 nos olhos do povo.

O absurdo pomposo
passado e revisto
perdeu os sentidos
na queda das horas.

No verde das folhas
na ponta dos corais,
Os galhos quebrados.

O hino composto
nos lábios rimados,
na força dos pulsos,
os poemas cantados.

Nas ruas de abril
o medo e a sombra
contaram a história.

( Inspirado no movimento "Diretas Já" e dedicado a Tancredo Neves)

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Língua-Seca



É preciso sentir o pulso
e acalmar o coração.
Quero ouvir estrelas
nas curvas de tua mão.

Ganho o mundo,
não fumo haxixe.
Ouço cantigas,
danço maxixe
 entre pedras
e urtigas.

Soy latino,
língua-seca nordestina.

Minha sina:
é a luta corporal
no meio de flores
e espinhos,


Venho de prosa e poesia.
Nas veias tenho o sangue
  índio-branco-negro.

No sertão esmaecem luares,
no horizonte, renascem
Corisco e Lampião.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Na tua ausência

Não fosse o medo,
mais largo o aceno,
 maior o poema.

Ao som de flautas,
escrevo
 saudade

e sinto a chama
 dos círios
a iluminar ausências.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Canto de homens e pássaros

Há uma certeza clara:
O amor dissolve pecados
marcados nos dedos.

(Sou vivo quando amo).

Esqueço todas as dores
e entrego-me aos olhos
de homens e pássaros.

Recebe a poesia
novos ritmos e palavras
 encantadas.

Vence o amor as sombras,
e desenham flores, os olhos
 iluminados.


domingo, 21 de setembro de 2014

Para Rock Hudson



No encontro das seixos,
ouvimos assobios do vento.
duendes regam as flores,
aceleram os passos.

Abraços iluminam ossos
 de amores sem laços.

Um chamamento:
Rios e mares,sugam
fios de lágrimas.

Um polimento:
poemas na alma
longe das páginas
jogadas na lama.

Um merecimento.
folhas, flâmulas
e linhas no espaço
onde nasce a dor. 

sábado, 20 de setembro de 2014

Poema Coragem



No mar eu vejo
o medo das pedras,
na quebra das ondas,
nos olhos dos peixes.

O medo-espinho
o vento quebrou.
O medo de pedra
 o amor afogou.

Ainda vibra no peito
um medo maior:
perder a esperança
no azul da alma.

O resto de lodo
ardendo nos olhos,
a gota de lágrima
caindo na lama.

Teus olhos claros
dizendo meus versos
na sombra dos desejos.