quinta-feira, 23 de abril de 2015

Língua Reta



mastigar a palavra
prematura
toda brilha
bem narrada

toda

l
i
t
e
r
a
t
u
r
a
.
lamber fora
língua nova
evolui
a criatura.


a
t
u
r
a

a língua reta
na fala pura?

domingo, 19 de abril de 2015


É Proibido

 


É proibido lutar.
A luta exige músculos
e pulsos de aço.

Na arena, rasgam a pele,
quebram ossos e cálices
cheios de sangue.

Os sonhos exalam
líquidos amargos.

É proibido o beijo.
Não solte o cabelo.

Na dança, seja breve.
Economize os gestos
e o movimento
da cintura.

Veja o desenho
das flores coladas
nos muros.

É proibido amar.

Nos mares, e rios,
o corpo é limpo
e livre.

(Poema inspirado nas manchetes dos jornais, nos anos 1980, após o diagnóstico de celebridades com HIV) 

Aviso


A porta é estreita
às almas que pregam 
liberdade e amor.


Voo

 
Solte a transparência
das cores nas cinzas
do mundo escuro.
Vamos tirar a ferrugem
dos trilhos urbanos?

Mude o tempo de ser.
Viver não é carnaval.

Os poemas são aves.
 voam nas alturas
de BH.

Em silêncio, poetas 
descrevem luares
 e desejos. 

Sugam o ar
e a elegância
de Roma
e Paris. 

Amo bichos de pelúcia
comprados na China.
 
Gravo teu nome
nas ruas do mundo.
Sempre viajo.

Volta às ruas.
Sonho beijos
e pedras
à margem
do Rio.



domingo, 22 de março de 2015

Para Ana Cristina Cesar


Deixo corpo e alma
no silêncio das águas
e escrevo  versos
dedicados a Ana.

 A luta diária, o riso
e o pranto, soltam
as cores dos laços.

A língua é livre.
Lambe saudades,
sementes e dores.

Licores amargos,
adoçam os loucos.

Ouvem  palavras soltas
na brancura das livros.

Foge teu corpo,
liberta-se a alma.

À espera do último sol,
celebro a noite com
 taças de gelo e rum.

Qualquer hora brilha
breve, louca e leve.

Dança teu corpo longe
da poeira nos olhos.

 Poetas renascem.
Nas cinzas dos mortos,
gargalham.

Sonham nas salas
dos anjos tortos.

 

sábado, 21 de março de 2015

Oração de Aniversário

Senhor Deus do Universo.
sentimos a presença
das almas iluminadas.

Não  somos velhos.
Seguimos caminhos
de  paz e a caridade.

As palavras
papai e mamãe
 direi sempre,
no silêncio
da caminhada.

Quero a celebrar este dia,
com amor a humanidade
e coragem para perdoar.

Quero a sabedoria dos velhos,
os sonhos e a força dos jovens.

Quero flores e a luz dos templos.
 Quero ouvir o sol da eternidade.

Amém.

sexta-feira, 20 de março de 2015

A casa



Na parede do quarto,
espelhos refletem
figuras em êxtase.

Nas sombras,
segredos recebem
o ouro da luz.

No teto, um quadro
de formas medidas
expressa encontros.

Nas mesas e no chão
copos cheios de vinho
 e suores de amores.
 

No Meu Cariri


No meu  Cariri
o fruto dos cactos,
namora o sol.

Crianças no vento
 são aves sem penas.

O som da viola
chega às serras.

O pranto molha
as terras pobres
e secas.

Fluem versos
fáceis e soltos
nos lábios sem
 água e pão.

Brilham terços
em cada mão.

O tempo recolhe
um poema entre
ossos queimados
e folhas no chão.





 

quinta-feira, 19 de março de 2015

Noite alva


Sonhei.
Caminhavas numa estrada.
Havia total silêncio dentro
da noite alva.

O luar penetrava a pele,
feria as almas  cobertas
de sombra e medo.

O amor estava perto.
Miravam seus olhos
o espelho das águas.