segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Aviso



A porta é estreita
às almas que pregam
a liberdade e o amor.

No Dia D

No meio do sonho
havia uma pedra.

 Homens ouviam
pássaros e folhas.

Acordavam amores
 dentro das manhãs.

Silenciosos, bordavam 
a bandeira do divino.

Saíam das sombras, 
cheios de ouro e rubis.

Mergulhavam meus olhos
o olhar do Drummond.
O eco dos poemas
coloriam as camisas.

Vagarosas,as horas
passavam entre facas,
fuzis.

Ouvíamos sussurros
nos lábios das moças
descendo  escadas.

O poema escreve-se
debaixo de lâmpadas;

 No azul das nuvens,
viajam vaga-lumes.
Há protestos nas salas
 sem terços, sem velas,
 na hora das rezas.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Afago


Dormem estrelas.
Escrevo poemas
sobre as cores 
das manhãs.

No espelho,
afago os olhos
com  lágrimas. 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Minha Alma

Minha alma,
rio cristalino,
sangra amor.

Cuidado! 

Sempre choro,
quando morre
uma flor.

Num canto calmo,
passa a saudade,
apago a tua dor.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Na Hora H




Desfio o bordado
das almofadas
e guardo o sol
no tapete da sala.

Na hora H,
o amor deságua.

Meu riso
acorda estrelas.
Ouço o estalo
das folhas longe
das fogueiras.

Giram os dedos.
Descasco maçãs.

Canto à espera
das manhãs.




quinta-feira, 16 de outubro de 2014

No ar

 é preciso navegar

como
rima
no ar 

sobre ondas
 celebrar  os olhos
de Iemanjá.

É preciso
flutuar
nesse mar.




quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Com toda a alma

Com toda a alma, perco-me de amores.
e beijo teus retratos colados nos muros.

Não guardo o medo dos fantasmas.
 Saio cedo... Abro as portas da rua.

Escrevo o poema na margem das folhas,
vejo a rota da loucura  dentro das bolhas,
e nas calçadas lavadas com  sabão em pó.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Poema atrás do muro


Alguma coisa existe atrás do muro.
A poesia é mínima para expressar
aquilo que meus sentidos percebem.

Existe alguma coisa...

Será a beleza das flores
no ritmo dos meus sonhos?

Há palavras soltas no poema
quando gira a cabeça debaixo
 das rodas do mundo.

Existe alguma coisa atrás do muro.
Perturba-me a alma, rouba-me o sono
e leva-me ao cansaço de tudo.

Leio frases desconexas escritas
no asfalto na hora do rush.

Alguma coisa existe
para que eu possa habituar-me
à morte dos dias, ouvindo
os homens pedindo socorro.

Se alguma coisa existe,
porque o muro não revela
a realização do meus sonhos?

E tudo se perde e se solta
 e tenho as mãos secas e vazias.

Faço  as orações aos  anjos
do céu e da terra.

E se não faço, e se não posso,
peço em silêncio o meu perdão.

Alguma coisa existe atrás do muro
e sei que é cedo para chorar.